Saturday, October 13, 2007

Thursday, October 11, 2007

Tarots

Tarots: o teatro da Memória

"Para escapar à alienação da sociedade presente, só existe este meio: fuga para frente: toda linguagem antiga é imediatamente comprometida, e toda linguagem se toma antiga desde que é repetida. "
(BARTHES, Roland- O Prazer do texto)

"Nem sempre penso nos procedimentos técnicos de Maria do Céu. Sua expressão de conquistar passo a passo uma individualidade está além do percurso para chegar à construção de imagens pictóricas, enfrenta o visível e o invisível. Lembro-me que ela sistematiza esse invisível como um desenhista renascentista ou uma fusão ousada de Robert Rauschenberg. Desenha espaços e seus vínculos possíveis. Esse pensamento na obra de arte não escapa à dialética. Está além do belo e longe de formular regras, num processo circular, reflexionante, abre-se para fissuras pelas quais ela passa determinada: o novo não é uma moda, é um valor, fundamento de toda crítica: nossa avaliação do mundo já não depende da oposição. O encontro com o Antigo é o Novo e sua longa transformação em marcha.

Esse superdimensionamento dos olhos está decerto baseado numa atitude apócrifa. Lembro-se que certa vez recebi um vídeo de quando ela estava na Itália: muitos ventos e cenas difusas, meus olhos se fecharem de cansaço durante e ao fim da exibição. Maria do Céu cortou suas próprias pálpebras e senti no seu lugar este perpetre da descoberta: a dúvida da imagem.

Céu alterou ligeiramente a famosa passagem sobre o poder miraculoso e divino do homem de conhecer o mundo, seus Tarots amplificam-se num poder de conhecer um universo infinito e assimilar a reflexão recém-revelada do conhecimento infinito, num vasto universo em expansão. Quanto à fonte imediata da nova visão, não pode haver dúvidas, De natura rerum , conferindo a tais mundos inumeráveis um movimento mágico quase absolutamente ausente na arte que hoje se pratica. Assim seu universo se refugia longe dos fatos terroristas, abraça a gnose hermética, numa nova revelação que informa os inumeráveis mundos como iluminação mágica, sendo que o homem, este mago, esse grande milagre, deve se expandir até uma extensão infinita se quiser receber essa visão, e só assim poderá refleti-la dentro de si."


Escrínio para Maria do Céu Diel

" Recebi os Tarots de Maria do Céu Diel pelos correios. Ela então em Vasto, na Itália, e eu em Paris. Ao abrir o envelope acolchoado a revelação, o avesso da vida no infinito, o maravilhoso! Portas e cabeças zinabradas… braceletes, mandíbulas e dentes… cidades transfiguradas por um olho d’água em um tempo sobrenatural e verídico. O olhar recuava em direção a um tempo anterior às imagens para então poder depois fixá-las em um percurso pessoal e rememorá-las… Algum tempo depois, recebi da mesma maneira mais uma série de imagens que formam os Tarots e ainda o lindo Amarilis com suas órbitas profundas… as imagens insistiam, confesso, junto com o meu desejo de também tocar os lugares por onde passou o olhar da artista…

Recebi com o envelope a tarefa de acondicionar as imagens na criação de um livro de artista. Levei os Tarots para o atelier de encadernação e ao lado de papéis filigranados, peles de cabra, alicates, dobradeiras, ouro, chumbo e cobre… eles prosseguiram os percursos de Maria do Céu, que lá também esteve, e incitaram outros nos olhos de visitantes e outros viajantes curiosos que por ali passaram.

Estes são os livros criados pelos inúmeros encontros, desencontros e viagens. O bloco de cartas com seus cortes refilados e jaspeados, unidos mesmo quando embaralhados, encerrados em um escrínio revestido do avesso de uma pele vinda de Capri. "


Data e horário

De 11 de outubro a 04 de novembro de 2007
Segunda a sexta das 9h00 às 18h00

Local
Galeria de Arte Nello Nuno
Rua Alvarenga, 794 Cabeças
Ouro Preto - MG

Maiores informações
Fone/Fax: (31) 3551 2014
E-mail: faop@faop.mg.gov.br
Website: www.faop.mg.gov.br

Tarots em Ouro Preto

http://www.faop.mg.gov.br/

Monday, October 08, 2007

Dang


Wang Wei

Inscrição no meu pequeno jardim


Inscrição no meu pequeno jardim

Jamais lutei para possuir palácios,

Jamais lutei para ser senhor de terras,

Apenas lutei para ser dono de mim próprio.

Há dez anos habito esta casa pequena.

Ao olhar as residências das grandes famílias,

Alinhadas no coração da cidade,

Os portões vermelhos enquadrados por paredes brancas,

Pomposos, magníficos, destacando-se ao longe,

Penso, onde estão os senhores dos palácios?

Partiram todos, foram ocupar postos importantes.

Nas casas há lagos bonitos, só para os peixes,

Os senhores têm florestas só para as aves,

É tão diferente possuir um pequeno jardim,

Passear a bel-prazer, apoiado num bastão,

De vez em quando convidar parentes e amigos,

Entrecortar os serões de música e vinho.

Fruir serenamente o meu jardim,

Não desejar grandes lagos nem terraços.